1. Um pouco de ficção
O enigma - um arrepio na nuca
(se você perdeu o começo da história, veja a parte 1 aqui, veja a parte 2 aqui, veja a parte 3 aqui, e assine pra não perder)
Contudo, ela entendeu que o pior ainda estava por vir. Julia não estava ansiosa em ver a terra caindo em cima da cama de madeira da sua mãe. Essa era uma visão tão inevitável da condição humana, mas também uma que ninguém nunca deveria contemplar. Era o exemplo máximo do paradoxo da nossa condição: começamos como belos e cheios de potência, terminamos como comida de vermes. Julia não queria esse momento, o de dizer adeus de verdade; seria a hora de aceitar que certas coisas na sua vida sempre estariam sob uma mortalha; como ruínas, que vão se desgastando com o tempo.
O tempo esfacela tudo. Até mesmo o asfalto da rua, um pouco rachado, e as folhas que brilhavam em laranja e vermelho antes de embelezarem o chão, e depois não existirem mais. Como se preparar para compreender de verdade a fragilidade da vida? O auge de seus 12 anos não tinha lhe cercado com nenhuma resposta sábia. Era, ainda, o momento de perguntas, e não de réplicas pungentes como qualquer verdade universal.
Assim, Julia percorria uma estranha peregrinação. Uma que não combinava com ela, nem com a sua idade, muito menos com a alegria que sua mãe a tinha ensinado. Ela preferia ficar parada em alguma sala, contando histórias. Relembrando as coisas boas e ruins. E, enquanto pensava, alternava o olhar entre a linha do horizonte, a sua família — algum membro às vezes olhava para trás encorajadoramente —, as árvores que rodeavam o cimento. Aos poucos, ela sentia que menos pessoas tentavam consolá-la, o que era reconfortador. Ela queria andar no seu ritmo, pisar onde ela mesma escolhia pisar. Ela se afastou o máximo possível, sem chamar a atenção dos adultos. E foi então que ela reparou um movimento estranho perto de seu ombro esquerdo.
Quando a garota deu uma olhadela para trás, ela percebeu um homem que nunca tinha antes conhecido. Realmente, ela pensou, assim em uma primeira olhadela, que ele aparentava um pouco estranho. Talvez pela sua maneira desajeitada de andar, que era marcada por um balanço rude e quase agressivo das pernas, que acabava em uma pisada intensa e cheia de afronta. Ela nunca tinha visto um passo tão decisivo antes, se o homem andasse diretamente para ela com certa ira no olhar, ela correria amedrontada para a outra direção. Era como se fossem passadas que marcavam a morte, bem mais do que ela tinha visto das ouras pessoas durante toda a procissão. Ele não parecia um lamentador, mas o próprio arauto da ameaça. O pensamento criou um arrepio na nuca dela, e uma pequena, mas provavelmente visível, convulsão nos braços.
2. Notícias
Perifacon
Eu, Turmalina e a deusa Tainá Felix fizemos uma mesa pra falar de Games e Política na Perifacon. Foi uma delicinha estar entre essas mulheres incríveis e ter a chance de falar sobre um assunto tão importante. Se quiser saber mais sobre esta faceta do meu trabalho, recomendo ir lá no site do Laboratório de Impacto Gamer.
Além do trampo, encontrei muitos migues e pude passear e fazer umas comprinhas - devo colocá-las lá no meu Instagram.
Além disso, conheci um projeto incrível que queira compartilhar com vocês chamado Maloca Games, que fazem Afrogames. Eles explicam:
Desenvolvemos jogos de tabuleiro para a periferia e suas minorias. Nosso objetivo é viabilizar esse jogos financeiramente, além de produzir um produto no qual este público possa se ver representado e ter sua identidade resgatada. São os AFROGAMES.
Para isso contamos com uma equipe de profissionais que entendem o público e que são extremamente capacitados para tal função. O resultado disso são jogos responsáveis, extremamente divertidos e que solucionam necessidades.
Esou com absolutamente todos os games deles! Vocês querem ver mais? Tipo lives jogando ou algo assim? Comenta!
Conheça mais do trabalho deles
Hodor???
Calma! Não é que estamos voltamos, mas queremos conversar.
Vem aqui bater um papo sobre o podcast
3. Dica
Belas Maldições
Gente, vocês assistiram a primeira e segunda temporadas de Belas Maldições? Se não, eu RECOMENDO MUITO.
A primeira temporada é baseada no livro homônimo escrito por Terry Pratchett e Neil Gaiman (amo autores que escrevem em conjunto). A história é uma comédia sobre o apocalipse, quando o anjo Aziraphale e o demônio Crowley tentam impedir a vinda do anticristo e com ele a batalha final entre o Céu e o Inferno.
A segunda temporada foi escrita pelo Neil Gaiman, e esse homem nunca erra:
Um arcanjo nu surge na porta da livraria do anjo renegado Aziraphale, sem se lembrar quem é e como chegou ali, e as vidas de Aziraphale e do demônio aposentado Crowley se tornam bastante complicadas. O Céu e o Inferno estão desesperados para achar o fugitivo. Enquanto Crowley e Aziraphale tentam fazer um romance dar certo, a situação se torna mais insegura para eles, no passado e no presente.
Está disponível no Prime Video
4. Aleatoriedade
Você sabia que a MÚSICA MEXE COM O CORPO TODO??? Ela estimula o cérebro por completo, libera dopamina, pode contaminar o humor, conseguem alterar a frequência cardíaca, respiratória e até a pressão arterial, e até ajudam no crescimento de plantinhas.
Essa é a música mais antiga que se tem registro, na antiga Mesopotâmia. Seu registro foi encontrado em um tablete. O nome da composição é “Hurrian Hymn Text H6” e se trata de um hino.
Me manda uma playlist legal sua nos comentários?
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